segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O desejo e a necessidade de cursar uma graduação me levaram ao Curso de Pedagogia, oportunidade oferecida pela UFRGS e que eu soube muito bem aproveitar. Foram muitos os desafios e com eles muitas aprendizagens e novas possibilidades. Assim, foi possível olhar para caminhos já percorridos e refletir sobre essa caminhada. Fui desafiada a por em prática as teorias estudas realizando minha prática de estágio com uma turma do 4º ano do ensino fundamental. Esse foi um momento muito importante, onde pude compreender como acontecem as inter relações entre professor/aluno, aluno/aluno e aluno/objeto de aprendizagem dentro da sala de aula e como se desenvolve esse processo. Os vínculos construídos a partir dessas relações despertaram a curiosidade e a necessidade de fazer um estudo mais aprofundado sobre o tema. Construí meu TCC tendo como questão central: Como os vínculos afetivos contribuem para o processo de ensino e aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental?

Buscar embasamento teórico em Alícia Fernández e Paulo Freire assim como na releitura dos Eixos, possibilitou que eu compreendesse que os vínculos afetivos podem ser positivos ou não, podendo contribuir ou dificultar o processo de aprendizagem.

Refleti sobre as relações afetivas a partir da experiência vivida com meus alunos e alunas, apoiada em estudos da psicopedagoga Fernández, e pelas ideias do pensador Freire. Ambos defendem que é necessária a existência de sujeitos onde quem ensina aprende e quem aprende ensina, que a aprendizagem é um processo que envolve vínculos entre ensinante e aprendente.

Como metodologia, para analisar e compreender as contribuições dos vínculos afetivos no processo de aprendizagem nos anos iniciais, o trabalho de campo foi desenvolvido a partir das vivências experienciadas na minha prática de estágio curricular do curso de pedagogia no primeiro semestre de 2010, com alunos do 4º ano do ensino fundamental. Constitui parte dos dados as anotações no wiki de estágio, o relatório final do estágio. A reflexão tem como foco as inter-relações estabelecidas em sala de aula na interação professor/aluno, aluno/aluno e aluno/objeto de aprendizagem.

Na busca de respostas temia, tornar o tema piegas, mas a partir dos estudos das relações afetivas na interação do professor/aluno, aluno/aluno e aluno/objeto de aprendizagem, posso afirmar que: O afeto é fundamental para a vida, em todas as suas fases e de todas as formas, e considero significativa sua contribuição no processo de ensino- aprendizagem.

Que a escola ensina muito mais do que conteúdos específicos, pois também cria vínculos e ensina maneiras adequadas de convívio respeitoso num espírito colaborativo. Estou convencida de que a afetividade é fundamental para os bons resultados na aprendizagem.

Mas as relações entre as pessoas não são sempre permeadas pela calmaria e pela doçura. Os fenômenos afetivos referem-se da mesma maneira aos estados de raiva, medo, ansiedade, tristeza, angústia, frustração, sentimentos que se fazem presentes nas interações sociais podendo desgastar não apenas o aluno, mas também o professor.

Ser firme, ser justo e ter autoridade não significa não ser afetivo, pelo contrário, o professor torna-se referência, pois a criança se sente segura com quem é firme e tenta ser justo. Assim a firmeza do professor na hora certa é fundamental na relação de afetividade. Considero a afetividade construtiva, pois ela instiga os alunos e alunas a procurarem a melhorar.

Essa caminhada leva-me também a considerar que o educador mediador deve valer-se das relações afetivas para contribuir no processo de aprendizagem, aproveitando-se das competências para criar e desenvolver o novo, adotando uma postura de revisão reflexiva e ressignificativa de suas práticas. Alimentando sonhos, acreditando ser possível construir um mundo melhor, mais afetuoso e mais justo.